terça-feira, 15 de junho de 2010

4’33’’: John Cage e o silêncio INTRODUÇÃO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTÉTICA DO PROJETO

DISCIPLINA OPTATIVA: AUH325 – ASPECTOS DA LINGUAGEM CONTEMPORÂNEA

4’33’’: John Cage e o silêncio

Neste ensaio, pretende-se discorrer acerca do silêncio em John Cage, especificamente através da sua composição 4’33’’, sob dois aspectos: o do silêncio absoluto (e a sua impossibilidade real) e o do silêncio enquanto uma abertura para a produção de sons múltiplos, expressões diversas e acasos. Durante a sua primeira execução, interpretada por David Tudor em 1952 (Woodstock), a peça foi delimitada pela abertura da tampa do piano e pelo seu fechamento após 4 minutos e 33 segundos de silêncio. Mas o que se passa nesse tempo de não-execução, ou melhor, de execução de uma partitura em branco? O que se permite criar nesse hiato que a tantos desconcertou – e desconcerta? O que se pode dizer sobre a respiração do pianista, sobre os sons acidentais, sobre a tosse de um espectador gripado ou mesmo sobre algumas reclamações indignadas que vão crescendo conforme a peça vai chegando ao fim?

John Cage, ao romper com as distinções entre música e sons, música e barulhos, rompe também com o concepção tradicional da música, dentro da qual os sons devem se organizar dentro de um padrão pré-definido para serem considerados música. Mais do que a discussão em cima do conceito de música, está o conceito de open-minded, peça-chave na compreensão do trabalho de Cage. A receptividade tanto aos sons-barulhos quanto ao silêncio é um ponto dentro desse conceito que permite a expansão da compreensão musical. Em O Futuro da música, escreve: “Tudo é válido. Entretanto, nem tudo é tentado.”, deixando clara uma postura completamente anti-excludente em relação à produção musical, sonora, como quer que chamem. A crítica que se faz não é à música erudita, tonal, atonal, ocidental, oriental, estrutural, serial ou qualquer outro tipo de música, mas sim ao fato da música se fechar em si mesma, tornando-se algo alheio à vida.

Nesse sentido, ter em mente tanto o silêncio quanto os sons, todos eles, faz a música caminhar para possibilidades infinitas, englobando, inclusive, aquela música que foi se fechando em si ao longo da história, configurando-a como uma dentre várias possibilidades e não mais como algo fechado em si. A produção musical de Cage vai se concentrar mais no silêncio e nos ruídos, mais em descobrir novas maneiras de (re) combinar novos (velhos) sons, até porque já antes dele
existiu música nesse sentido,
inclusive colocando o silêncio, porém de maneiras mais pontuais.

Em 4’33’’ está um outro ponto, bastante relevante também na obra de Cage, que trata do desbotamento das fronteiras entre compositor, intérprete e ouvinte, fronteiras estas consagradas no período do Renascimento e que, no século XX já se tornaram menos rígidas tanto por obras de compositores como Feldmann ou Shostacovitch quanto pela própria facilidade de acesso à produção musical que veio com o desenvolvimento da tecnologia. Em 4’33’’, essa ruptura (ainda que parcial) se dá justamente por causa do silêncio, entendido aqui não como ausência de som, mas sim como ausência de sons intencionais. O próprio John Cage não reduzia o silêncio a um fenômeno acústico-sonoro, mas o enxergava mais como uma mudança da mente, um “reviravolta”. Isso porque o som externo à partitura em si (branca) acaba preenchendo esse silêncio com acaso, com não-intencionalidade (do compositor), que podem vir tanto do intérprete, quanto do público, quanto do próprio ambiente, fazendo com que a peça transcenda a partitura enquanto simples leitura, transcenda os limites entre tais personagens.

Assim como as White Paintings de Rauschenberg de 1951 (4’33’’ é do ano seguinte) o que se tem é a ausência, não das linhas, cores, texturas em si mesmos, mas a ausência desses elementos de um modo intencional. Pois todos esses elementos acabam por surgir casualmente, com a sombra projetada dos observadores, com algum grão de poeira que não pôde ser evitado ou que pouco é percebido, com reflexos de outras obras ou objetos, enfim, uma infinidade de possibilidades.

Existem, porém, antecedentes com semelhanças bastante nítidas em relação às duas obras (White Paintings e 4’33’’). Entre 1883 e 1884, estavam em exibição em Paris as Expositions des Arts Incoherénts, organizada por Jules Lévy para “pessoas que não sabem desenhar”. Nessas exposições, Alphonse Allais, apresentou pinturas como “Primeira comunhão de meninas anêmicas com um tempo de neve”, uma tela tão em branco quanto as que Rauschenberg faria quase 70 anos depois. Também apresenta o seu negativo, uma tela completamente preta intitulada “Luta de negros em uma caverna à noite”. Allais era grande amigo de Erik Satie, inventor da música ambiente (chamada por ele de “música para preencher a mobília”) e ídolo de Cage. Ambos apresentaram muito, juntos inclusive, no Chat noir, em Montmartre. Com sua Marche funèbre, Allais antecipa 4’33’’, ao compor uma peça com 24 compassos marcados, porém em branco, sem nenhuma inscrição na partitura, assim como temos na peça de Cage. Inclusive a predominância do tempo/ritmo dentro da execução/interpretação sobre o os sons em si também é uma marca que aproximam essas obras (ao contrário do que pretendeu Yves Klein com sua Monotone Symphony em 1948, em que uma única nota era tocada e intencionalmente “prolongada” pelo silêncio durante vinte minutos).

Apesar dessas semelhanças, entretanto, deve-se atentar para o fato de que as propostas, as intenções (inclusive por serem obras que se inserem em contextos culturais distintos) são completamente diferentes em Cage - e também em Rauschenberg - em relação a Alphonse Allais. Tanto as composições musicais quanto as pinturas desse “predecessor” soam menos intencionais dentro do conceito de open-minded, embora, claro, possa ter dado origens a mudanças, a pequenas rupturas dentro das artes. Soam também um pouco mais lúdicas, descontraídas por assim dizer, principalmente quando se tem em mente a relação do título com a obra, gerando brincadeiras que até mesmo lembram algumas (futuras) obras de Duchamp, que ainda acrescentou o jogo dos trocadilhos (como em Fresh Widow).

Cage, por sua vez, preocupou-se mais com as possibilidades, em torná-las mais visíveis e menos reprimidas dentro de padrões pré-estabelecidos sejam eles quais forem. Preocupou-se, inclusive, ao explicá-las em palestras, entrevistas e, principalmente, através de livros e outras produções literárias. Mais do que uma atitude argumentativa de “auto-explicação”, trata-se de oferecer possibilidades de exploração criativa (no caso dos sons). Mas o legado que ele deixou transcende a própria música, pode ser aplicado em qualquer etapa de um processo de criação humana e da relação desta com o que lhe é exterior, a criação não-intencional.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAGE, John. Silence: Lectures and Writings. Wesleyan University Press, 1961.
CAGE, John – O futuro da música (1974). In: Gloria Ferreira e Cecília Cotrim (orgs) – Escritos de artistas, Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 330-347.

Artigos:
CAVALHEIRO, Juciane dos Santos. A voz e o silêncio em 4’33’’. 16º Congresso de Leitura do Brasil (COLE), de 10 a 13 de julho de 2007, Unicamp, Campinas, SP.
DURÃO, Fábio Akcelrud. Duas formas de se ouvir o silêncio: revisando 4’33’’, in Kriterion vol. 46, nº 112. Belo Horizonte, 2005.
JACOBS, Joseph. La clase de Cage, in www.uclm.es/artesonoro. 2002.
SALGADO, Carmen Pardo. Las formas del silencio, in Adamar: Revista de Creación. 2002.
SOLOMON, Larry J. The Sounds of silence: John Cage and 4’33”, in www.solomonsmusic.net, 1998

Teses:
HELLER, Alberto Andrés. John Cage e a poética do silêncio. Tese de doutorado, Centro de Comunicação e Expressão, UFSC, 2008.

domingo, 11 de outubro de 2009

Porque ninguém é de ferro

Faculdade trancada por tempo indeterminado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Violência: de que lado ela vem?

Vou publicar aqui um texto que não foi para o meu curso, mas diz respeito à Educação em geral. O texto foi escrito por uma conhecida minha por causa de uns fatos que aconteceram na FAUUSP, que serão explicados a seguir. O que ela escreve só partiu de tais fatos, mas, como disse, fala do ensino de um modo mais geral.

O texto foi publicado em forma de artigo (com imagens) no site do coletivo luso-brasileiro PassaPalavra: http://passapalavra.info/?p=4411#more-4411 No link, é possível ver algumas imagens e também alguns poucos comentários.
Achei um outro texto, que é bastante bom e bem-escrito: Educação: Tecnocracia de esquerda e tecnocracia de direita http://passapalavra.info/?p=3939

Bom, é isso. Aí segue o texto, sem correções, como foi escrito na época.



Violência e tapumes

Uma situação bastante semelhante à que ocorreu na Unesp [Universidade Estadual Paulista] de Franca em 2005 está sucedendo agora na FAU [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo] da USP [Universidade de São Paulo]. Aproximadamente 30 ou 40 estudantes estão sendo ameaçados, acusados de «vandalismo» (e a hipocrisia das «boas maneiras» ataca mais uma vez!), após terem derrubado os tapumes de uma das várias reformas que estão sendo impostas à FAU. O prédio, projetado por Vilanova Artigas para ser um espaço livre, flexível e, acima de tudo, um espaço que, por si próprio, fosse capaz de ensinar uma arquitetura mais humana, está em ruínas após anos de descaso (há partes da cobertura, repleta de estalactites, que apresentam risco de desabamento por exemplo).

Que o prédio, como a maioria dos prédios de qualquer universidade pública de terceiro mundo, precisa urgentemente de cuidados e reformas é indiscutível. No entanto, o que está acontecendo neste momento é que o diretor impôs reformas absurdas sem qualquer consenso de toda a comunidade da FAU, sem mesmo passar por aprovação do CONDEPHAAT [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico] e COMPRESP [Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Ambiental da Cidade de São Paulo] (uma vez que o edifício é tombado [declarado oficialmente como monumento] desde os anos 70, ou seja, qualquer obra de reforma ou mesmo de manutenção necessita passar por esses órgãos antes) e do conselho curador da Faculdade (composto por 9 professores, 2 alunos e 2 funcionários) e da Congregação (3 alunos, 3 funcionários e todos os professores titulares − atenção para a proporção!).
As reformas, iniciadas no final do ano passado, em boa parte, são extremamente abusivas. A reforma do jardim, com suas lindas e belas novas plantas (lembrar que a qualquer momento um pedaço da cobertura pode cair na cabeça de alguém…), obrigou a utilização de máscaras respiratórias por semanas, uma vez que o adubo utilizado (próprio para uso em fazendas e não em jardins), misturado à poeira levantada, causou alergias e problemas respiratórios em diversos alunos e funcionários. Na reforma dos pilares, as britadeiras eram usadas várias horas por dia, causando um barulho infernal. E isso tudo acontecendo em uma faculdade de ARQUITETURA, a mesma que nos ensina − ensina? − no primeiro ano as condições básicas de respeito ao bem-estar humano mínimo!
No entanto, o caos que está sendo gerado advém principalmente de uma reforma específica, que é a do terceiro piso,onde ficavam indevidamente os departamentos. As salas dos professores, nesse piso, seriam todas reformadas. Em um dia qualquer, chegamos à FAU e nenhuma delas existe mais. Seriam refeitas. O projeto, surpreendentemente, é de um dos nossos «queridos» professores, que vão ali ganhar sua saleta bem iluminada, bem ventilada, com chão bem polido, enquanto os estudantes continuam tendo seus projetos molhados pela chuva que entra pela cobertura.

Acontece que nesse meio tempo, entre derrubada e reconstrução, espalhou-se uma vontade bastante generalizada nos estudantes de ocupar aquele espaço, de produzir naquele espaço. Mas o mais importante ainda nessa percepção redescoberta foi que paredes levantadas em nada condizem com a proposta do edifício de flexibilidade de uso, de circulação, de criação etc., que supostamente é parte também da proposta de um ensino mais humano, porém muitos dos professores são ferrenhamente favoráveis às reformas (afinal, vão ganhar suas saletas luxuosas, pelo menos quando comparadas ao resto da FAU, além de ganharem, é claro, o projeto desses espaços). As salas dos professores curiosamente fechavam − e fechariam − um pano de vidro que se estende ao longo do edifício, reservando aos alunos um tímido espaço para dizer que o LOTEAMENTO do espaço público não foi completo, que em algum momento se pensou na coletividade (um brinde ao espetáculo!).
Que tudo isso é uma grande hipocrisia, que é assim que as coisas funcionam na universidade pública de terceiro mundo não é de se surpreender. Houve uma Congregação aberta, que supostamente deliberou pela paralisação das obras, claro que por alguns dias, até as coisas, ou melhor, os estudantes, se acalmarem (observação: as obras de reforma do piso do departamento seriam retomadas no dia 26/05). E houve quatro assembléias. Na quarta, contando em torno de 50 alunos (afinal, os outros mil e tantos estavam ocupados tentando ganhar suas boas notas para se formarem como bons arquitetos…) derrubaram os tapumes. Cem metros de tapumes postos a chão a pontapés.
O que pra mim foi o momento mais lindo, talvez um dos únicos bonitos, desde que entrei nessa faculdade, certamente não o foi para o diretor. Nem para os professores. Nem para os funcionários. E, principalmente, para a grande maioria dos alunos. Foi um ato «bárbaro». Foi um vandalismo. Foi uma violência. Uma falta de educação. No dia seguinte, biblioteca, seção de alunos, departamentos (alocados provisoriamente no subsolo), todos eles estavam fechados em repúdio ao nosso VANDALISMO. Mas eles nunca fecharam em repúdio à irregularidade das reformas. Nunca fecharam em repúdio às imposições de um diretor autoritário. A violência com que se loteia o espaço público (em todos os seus níveis e dimensões, não só nesse caso) jamais foi repudiada. Ela sequer é percebida. Fomos acusados de vândalos, de bárbaros. Fomos retaliados pelo diretor, pelos professores e, claro, pelos alunos, os quais alegaram não concordar com tamanha violência (mas nunca propuseram absolutamente nada, nunca quiseram atrasar uma entrega por causa de uma assembléia deliberativa). Um dos alunos, inclusive, filmou e levou a cara de cada um de nós que chutou cada tapume para o diretor.

Uma das pixações nos tapumes
Resultado: o nosso caríssimo diretor Sylvio Sawaya já abriu uma sindicância, apoiado por muitos caríssimos professores, apoiado por muitos caríssimos alunos bem-educados. Ainda não se sabe se o Grêmio (GFAU) (observação: acho necessário lembrar que muitas das pessoas que estavam derrubando os tapumes nada tinham a ver com o Grêmio, com a atual gestão do Grêmio, o que, na minha opinião, tornou tudo ainda mais bonito) levará o processo (o que dá um caráter mais «político», que para mim é irrelevante, mas que para a sociedade em geral talvez tornasse mais fácil a percepção do autoritarismo e da decadência do ensino) ou se serão os estudantes envolvidos processados e punidos individualmente, podendo ser expulsos da Faculdade e cumprir algum tipo de pena. A polícia científica isolou a «área do crime» (realmente, é criminoso lutar para que um espaço público não seja loteado!). Estudantes que participaram foram intimidados, na surdina, por autoridades.
Ora, a violência vem de cima e não dos chutes que derrubaram os tapumes. Nós quase ficamos surdos e loucos com aquelas britadeiras horas por dia em nossas cabeças e os queridos «pacifistas» tiveram a pachorra de dizer que o barulho de 15 minutos da queda dos tapumes atrapalhou as atividades normais da faculdade. Ora, era para atrapalhar. Mas era para mostrar que não somos idiotas e que não vamos mais aceitar tamanho despotismo e falta de respeito!
Confesso que às vezes até dá uma vontade de ser expulsa mesmo e sumir da FAU porque é desolador, é angustiante − mais que isso, muito mais que só desolador e angustiante − chegar de manhãzinha na Faculdade e ver cartazes acusando com veemência de violenta uma ação que na verdade visava derrubar a violência das imposições de uma diretoria, de um corpo docente vendido, cartazes falando sobre «boa-educação» e boas maneiras… Por algum motivo, entretanto, algum motivo que desconheço, eu ainda queria continuar lutando de alguma forma por um ensino menos indecente. E acredito que as outras pessoas envolvidas também gostariam.
Nós estamos com medo. E estou revoltada porque são «eles» quem deveriam estar com medo! Nós, estudantes, sempre tão desarticulados… Tão filhos da boa maneira. Um peso morto na educação. Para que então gastar dinheiro público com a Universidade? Para quem, meu deus? De algum jeito, isso há de mudar. Não sei como vai ser. Mas é preciso tentar ao menos.
No dia seguinte ao ato, o diretor publicou na Folha de São Paulo (ai, a «boa e velha» mídia…) uma explicação medíocre sobre as reformas e, claro, sobre o vandalismo dos alunos. E não há como esperar nada além disso da mídia convencional. Mas será que é possível esperar algo além do ensino (porque da Academia está difícil esperar algo…)? Tentamos até escrever para a Folha, mas não deu em nada, claro.
Encerro com algumas citações que usei como resposta aos diversos cartazes que nos hostilizaram:
«Estes momentos de ação contribuem para a criação momentânea de situações onde tudo parece possível, onde a ordem balança, onde a cidade parece reapropriada, “liberada” em alguns pontos. Estas Zonas Autônomas Temporárias são muito importantes: trata-se de toda um ação sobre o ambiente, sobre as possibilidades que deixa entrever às pessoas o fato de que outra coisa é possível, de que a merda cotidiana não é uma fatalidade. Estes instantes de exaltação − em que o mundo todo parece desmoronar − estão certamente deslocados em relação à realidade, que em geral restabelece logo a ordem, mas são benéficos e indispensáveis. São as pequenas ocasiões que dinamizam, dando esta impressão de que nada será mais como antes, podendo ser catalisadores de energias, pontos de partida de iniciativas, de criações e de ações.» (Urgência das Ruas, org. Ned Ludd).
«[...] nós estamos realmente assustados com estas pessoas. Elas parecem não ter medo da autoridade…» (um experiente capitalista, durante as reuniões da Organização Mundial do Comércio em Seattle, ocorridas no ano de 1999).
«Pensar uma xícara ou um território se faz da mesma maneira» (uma frase do nosso ilustríssimo arquiteto, professor e diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, retirada do texto que publicou na Folha de São Paulo no dia seguinte ao nosso vandalismo).


Algumas correções:-CONPRESP ao invés de COMPRESP-Não se sabe ao certo o número de alunos que correm o risco de serem punidos, mas recentemente se tem dito que é menor do que 30, em torno de 20, 25.








Eu fico me perguntando, relendo esse texto, vivendo essa merda: de que lado vem a violência? De um ensino como obrigação, martirizante, que nos castra o tempo inteiro, que não nos deixa criar, não nos deixa aprender de fato? Ou desses "vândalos" que causaram danos ao patrimônio público (que na verdade nem era público, mas enfim...)?
Uma coisa é fato: a FAU, sempre na correria dos trabalhos e projetos incessantes, parou por causa desse "pequeno incidente". Parou para apedrejar no geral. Mas que discutiu pelo menos um mínimo, discutiu. E, inclusive, tiveram disciplinas que passaram a discutir a FAU, que, muitas vezes, parece tão distante como arquitetura mesmo estando dentro dela, mesmo vivendo-a cada dia...


Abraços

TERRITORIALIDADES

Esse foi um dos textos que eu zerei. No entanto, é um dos que mais gosto. Reprovei porque simplesmente não existe recuperação e esse texto valia 60% da média final. A matéria é "PLANEJAMENTO DE ESTRUTURAS URBANAS E REGIONAIS II - A FORMAÇÃO DO ESPAÇO NACIONAL"e eu escolhi o tema territorialidade a partir da Política Nacional de Ordenamento Territorial (PNOT), que é simplesmente uma das bases do planejamento no Brasil. Pelo que vi, "seria melhor" (quer dizer: eu não reprovaria) se eu tivesse falado, superficialmente diga-se de passagem, de sistema de transportes, energia ou Amazônia, assim com 99% dos alunos o fizeram. A Universidade é ctrl+C e ctrl+V. E eu sou uma idiota que insiste em tentar criar algo menos batido (sem desmerecer a importância das coisas banais; seria, inclusive legal aprofundá-las, mas sabemos que não é assim que funciona na prática). Eu estudo o tema (territorialidade) há tempos e acredito que ele seja crucial na formação do arquiteto enquanto figura de peso no planejamento urbano, nacional ou regional. Mas, bom, foda-se. Bombei, mas cresci em alguma coisa. E vou gastar mais dinheiro do Estado. E vou demorar mais pra entrar no mercado de trabalho, pelo qual não tenho realmente nenhuma atração que não seja a vontade de explodi-lo.

TERRITORIALIDADES


ter.ri.to.ri.a.li.da.desf (territorial+i+dade) Dir 1 Condição daquilo que se acha compreendido no território de um Estado. 2 Limitação da força imperativa das leis ao território do Estado que as promulga.

Escolhi o tema territorialidades com o intuito de entender o conceito por trás do pensamento que trata do território nacional e do seu ordenamento. Analisando diversos textos que serviram de base para a elaboração/compreensão da PNOT (Política Nacional de Ordenamento Territorial), escolhi o texto Desterritorialização, Multiterritorialidade e Regionalização, de Rogério Haesbaert como um dos dois objetos de estudo centralizadores desta monografia. O segundo, que foi uma das bases para o primeiro inclusive, é o livro Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia (vol.1), de Gilles Deleuze e Félix Guattari.




ENTENDENDO A TERRITORIALIDADE ATRAVÉS DA DESTERRITORIALIZAÇÃO

“(...) construímos um conceito de que gosto muito, o de desterritorialização. (...) precisamos às vezes inventar uma palavra bárbara para dar conta de uma noção com pretensão nova. A noção com pretensão nova é que não há território sem um vetor de saída do território, e não há saída do território, ou seja, desterritorialização, sem, ao mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar em outra parte.”
Gilles Deleuze

Os processos de regionalização consistem, grosso modo, em dividir (um país) em regiões para efeito de estudo ou de organização de serviços públicos, considerando os interesses econômicos e sociais de uma região. A construção, bem como a desconstrução de regiões, ocorre de maneira indissociada da construção, desconstrução e reconstrução dos territórios.



O dinamismo da sociedade pós-moderna

O dinamismo da sociedade pós-moderna é intrínseco aos processos de desterritorialização, modificando de diversas maneiras os contextos espaciais. A ruptura entre modernidade e pós-modernidade se dá mais claramente na década de 1970, caracterizando-se, sobretudo, pela consolidação da sociedade pós-industrial, essencialmente informacional. É o que Milton Santos caracteriza como meio técnico-científico-informacional, o qual considera a expressão máxima da globalização. A inseparabilidade da técnica e da ciência é fomentada pelo mercado, passível de se tornar global graças a essa união. A ciência e a tecnologia, juntamente com a informação, estão na base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço.
Dessa maneira, a paisagem é cientificizada e tecnicizada e a ação sobre ela se dá por base da informação, a qual atua como vetor na produção do espaço social. Os territórios são equipados, então, para facilitarem a circulação da informação. Esses espaços são requalificados de modo a atender os interesses principais da economia, da cultura e da política.
Na contemporaneidade, à medida que se aumenta a necessidade de movimento, devido ao aumento da necessidade de capitais fixos e constantes, crescem o número e a importância dos fluxos entre os espaços. Segundo Milton Santos, rompem-se os equilíbrios existentes para novos equilíbrios, cada vez menos duradouros, se imporem, em vários aspectos, tais como relações sociais, produção, formas de organização, população, emprego, entre outros. Tais espaços requalificados atendem, então, sobretudo aos interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política, sendo incorporados às novas correntes globais. Isso porque a lógica global acaba se impondo a todos os territórios e a cada um deles, mesmo onde se manifestam pontualmente, como um todo, dado que asseguram a dinâmica dos processos atrelados à globalização, ainda que o “novo” não seja difundido de maneira regular...
Como conseqüência estritamente geográfica, Milton Santos aponta a redução da arena de produção, paralela à ampliação da área correspondente à produção (assemelha-se em grande parte ao processo que Karl Marx chamou de “redução de arena”). Isso significa que o espaço reservado à produção direta é reduzido, enquanto o espaço das outras instâncias de produção, circulação, distribuição e consumo, é ampliado. Esse processo de “especialização” (cada área produz um determinado produto) aumenta a necessidade de intercâmbio, cada vez se dando em espaços mais vastos, mais distantes (“ampliação de área”) e mais rapidamente.
David Harvey é um dos autores que discute muito bem essa nova construção do espaço e do tempo quando apresenta o conceito de “compressão do tempo-espaço”, que compreende os processos que alteram as “qualidades objetivas do espaço e do tempo” de modo a transformar a nossa maneira de “representar o mundo para nós mesmo”. Uma das transformações se dá na nossa percepção da aceleração do ritmo de vida associada ao capitalismo e às possibilidades de deslocamento e rompimento de barreiras espaciais. O espaço parece encolher-se numa “aldeia global” de telecomunicações e numa “espaçonave terra” de interdependências ecológicas e econômicas, enquanto os horizontes temporais parecem se reduzir a pontos no presente. É nesse sentido que Harvey diz que “a experiência da compressão do tempo-espaço é um desafio, um estímulo, uma tensão, capaz de provocar uma diversidade de reações sociais, culturais e políticas”.

Diferenciação territorial

A grande relação disso tudo com o planejamento urbano é que a fluidez das malhas, das redes, bem como os regulamentos, são fatores que coordenam parte do desenrolar desse círculo “vicioso” de especialização gerando sempre maior circulação. A diferenciação entre as áreas, hoje se dá em grande parte pelo grau de conhecimento que se tem de cada uma delas, de modo que somente os recursos naturais de um território não são fator exclusivo de determinação do seu uso. As porções de território instrumentalizadas, isto é, mais bem equipadas do ponto de vista científico, poderá oferecer uma melhor relação entre investimento e produto do que porções de território não instrumentalizadas, mesmo que ambas apresentem possibilidades semelhantes do ponto de vista natural. Nessas regiões desprovidas de meios para conhecer, estudar previamente os movimentos da natureza, a mobilização dos recursos técnicos, científicos, financeiros e organizacionais, a resposta para o desenvolvimento econômico costuma ser mais tímidas do que nas regiões “instrumentalizadas”.
Assim sendo, instala-se uma nova dinâmica de diferenciação territorial: zonas servidas de meios de conhecimento e zonas desprovidas de tal. Armados de informação e conhecimento adequados e convenientes, os atores hegemônicos servem-se das redes, utilizam-se dos territórios, preferindo os espaços reticulares (mais “fáceis” de pensar, organizar, controlar). No entanto, mesmo os espaços mais “perdidos”, mais escondidos, também são influenciados. Nesse sentido, o que se tem é a formação de um amplo espaço social, porém extremamente descontínuo, fragmentado e desigual, em que as diversas esferas de poder relacionam-se em um complexo emaranhado. Haesbaert considera que não há um processo de compressão tempo-espaço no sentido de superação do espaço pelo tempo ou de “fim das distâncias”, mas sim que esses processos existem de diversos modos, paralelos aos vários processos de (re) territorialização, como formação de uma experiência multiterritorial conjunta e indissociável. A multiterritorialidade surge, então, como fenômeno proporcionado pela concepção do tempo-espaço na pós-modernidade, caracterizada essencialmente pela rede que articula espaços descontínuos.


Des(re)territorialização

“O território pode se desterritorializar, isto é, abrir-se, engajar-se em linhas de fuga e até sair do seu curso e se destruir. A espécie. humana está mergulhada num imenso movimento de desterritorialização, no sentido de que seus territórios “originais” se desfazem ininterruptamente com a divisão social do trabalho, com a ação dos deuses universais que ultrapassam os quadros da tribo e da etnia, com os sistemas maquínicos que a levam a atravessar cada vez mais rapidamente, as estratificações materiais e mentais.”
Guatarri e Rolnik
Para Deleuze e Guattari, a desterritorialização é movimento pelo qual se abandona o território, enquanto que a reterritorialização é movimento pelo qual se constrói o território, sendo que ambos os movimentos são processos indissociáveis e concomitantes. Os autores chamam atenção para o fato de que a reterritorialização não significa um retorno a uma territorialidade primitiva ou mais antiga, mas sim o resultado de um conjunto de elementos que serviram de artifícios pelos quais um elemento serve de territorialidade nova àquele que perdeu sua territorialidade. Daí vem que o sistema desterritorialização-reterritorialização desenvolver-se de maneira horizontal e complementar.
A desterritorialização também foi pensada como elemento integrante da relação do Estado com o capital, estudada principalmente a partir de Karl Marx, em o Capital, que mostra o encontro de dois elementos ‘principais’: dum lado, o trabalhador desterritorializado, transformado em trabalhador livre e nu, tendo para vender a sua força de trabalho; do outro, o dinheiro descodificado, transformado em capital e capaz de a comprar Estes dois fluxos, de produtores e de dinheiro, implicam vários processos de descodificação e de desterritorialização com origens muito diferentes. Para o trabalhador livre: desterritorialização do solo por privatização; descodificação dos instrumentos de produção por apropriação; privação dos meios de consumo por dissolução da família e da corporação; por fim, descodificação do trabalhador em proveito do próprio trabalho ou da máquina. Para o capital: desterritorialização da riqueza por abstração monetária; descodificação dos fluxos de produção pelo capital mercantil; descodificação dos Estados pelo capital financeiro e pelas dívidas públicas; descodificação dos meios de produção pela formação do capital industrial etc. É interessante observar que na obra dos dois autores, o Estado é colocado também como o primeiro agente de desterritorialização, uma vez que ele promove a divisão da terra pela organização administrativa, fundiária e residencial.
Em relação ao tempo, normalmente se pensa que ele aniquila o espaço e que a expansão do capital hegemônico numa escala global teria aniquilado as diferenciações regionais. O que se pensa aqui vai justamente na contra-mão dessa idéia: o tempo acelerado, na verdade, agiria exatamente nos processos de constante aumento da diferenciação dos lugares, enquanto o espaço via se tornando mundial. Desta maneira, as regiões servem de suporte para a formação de relações globais. Segundo Milton Santos, “as condições atuais fazem com que as regiões se transformem continuamente, legando, portanto, uma menor duração ao edifício regional. Mas isso não suprime a região, apenas ela muda de conteúdo. A espessura do acontecer é aumentada, diante do maior volume de eventos por unidade de espaço e por unidade de tempo. A região continua a existir, mas em um nível de complexidade jamais visto pelo homem”.
Dada a complexidade dos processos de desterritorialização e reterritorialização em que estamos envolvidos, mais do que da perda ou desaparecimento dos territórios, a multiterritorialidade aparece como resposta. Segundo Haesbaert, “para falar em multiterritorialidade precisamos, em primeiro lugar, esclarecer o que entendemos por território e por territorialidade. Desde a origem, o território nasce com uma dupla conotação, material e simbólica, pois etimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium quanto de terreo-territor (terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico-política) da terra e com a inspiração do terror, do medo – especialmente para aqueles que, com esta dominação, ficam alijados da terra, ou no ‘territorium’ são impedidos de entrar. Ao mesmo tempo, por extensão, podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio de usufruí-lo, o território inspira a identificação (positiva) e a efetiva ‘apropriação’.”


À multiterritorialidade

A idéia do “rizoma”, que consiste em uma rede complexa de inter-relações que se espalha mais horizontalmente do que hierarquicamente, está presente na base do pensamento contido em Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia e aqui também se aplica quando pensamos na maneira que se organizam os complexos processos de reterritorialização rumo à multiterritorialidade. Esta possibilita o acesso, a conexão num mesmo local e ao mesmo tempo a diversos territórios, considerando que a mobilidade pode ser tanto física quanto informacional. Se pensarmos que os processos de territorialização partem primeiramente do nível individual, temos que toda relação social implica uma interação territorial, um entrecruzamento de diferentes articulados nessa grande e complexa rede (rizomática). Na pós-modernidade, o que acontece é que a velocidade com que as territorialidades, muito instáveis e móveis, se relaciona, se combinam, se rearranjam é muito maior e mais diversificada. No entanto, isso não leva a mudanças meramente qualitativas, ou seja, não faz com que haja mais alternativas territoriais, mais acesso. O que se tem, na verdade, são transformações qualitativas, no sentido de que se tem uma nova experiência, baseada, sobretudo, na compressão espaço-tempo (já discutida anteriormente) e, sendo assim, é possível dizer que essa nova maneira do território organizar-se em redes se dá pela flexibilidade destas.


Regionalizações

Toda região, enquanto território, nunca foi uma área totalmente homogênea, com limites definidos. É preciso ter em mente, então, que a regionalização vai além de um simples recorte dessas áreas por coerência e “diferenciação”: trata-se de um processo social complexo de formação de contextos regionais, que não se resumem à lógica de uma só área (território-zona), mas que se incorporam à lógica de rede, reticular (territórios-rede). Raffestin considera que o “sistema territorial” organiza-se a partir de elementos espaciais: superfícies, pontos e linhas, que representam, respectivamente, malhas (tessituras), nós e redes. A relação dessas três variantes e a predominância de uma delas são definidas de acordo com cada momento histórico. Pode-se então partir dessas unidades mínimas ou componentes fundamentais do espaço para compreender não só a des-territorialização mas também os novos processos de regionalização. No entanto, tais variantes não são as únicas responsáveis pelos processos de formação territorial e regional na composição do espaço social contemporâneo: eles envolvem outras dinâmicas instáveis e imprevisíveis, que não podem ser reconhecidas no plano das áreas, das redes, organizem-se elas de maneira arborescente (hierárquica) ou rizomática (complementar). Tais dinâmicas promove “espaços de instabilidade”, como “buracos” na rede, ou seja, áreas de exclusão (ou inclusão precária). Esses aglomerados humanos de exclusão, numa escala maior, representam a distribuição geográfica dos processos de exclusão. A idéia de exclusão, com as correspondentes concepções de precarização socioespacial e de mobilidade instável das populações, é uma das questões centrais dos atuais processos de regionalização.
A descontinuidade dos processos decorrentes da compressão tempo-espaço não é a única propriedade do espaço social. O mundo não se reduz a uma fluidez ou a processos de desterritorialização indiscriminados. Sendo assim, temos que uma nova regionalização deve incorporar a diversidade dos espaços-territórios produzidos na pós-modernidade, tendo em vista que, no mundo globalizado, vivem-se o acirramento das desigualdades, o aumento da exclusão e uma “complexização” da mobilidade reprodutora das relações de poder profundamente desiguais.


BIBLIOGRAFIA

BAUMANN, Zygmunt. A modernidade líquida

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia vol. 1

HARVEY, David. A condição pós-moderna

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Para pensar uma Política Nacional de Ordenamento Territorial (Brasília, 2005)

HAESBAERT, Rogério. Da Desterritorialização à Multiterritorialidade, in Anais do X Encontro de Geófrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 - Universidade de São Paulo

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção

Por quê?

Por que raios postar textos acadêmicos aqui? Bom, alguns entre um milhão dos lixos que eu produzo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP talvez salvem. Talvez sejam sinceros. Talvez me interessem de fato. São geralmente os que eu ganho zero.

CUsp
(C)USP
SP CU CUSP
SPCUSPE.
CUSPE.

Por que raios eu continuo nessa merda vazia imbecilizante que é a Universidade que eu tanto odeio? Isso eu não consigo responder. Algumas suspeitas: culpa cristã (sou atéia, mas fui criada nessa merda toda), medo do que também não sei, seilá... Desde 2007, ano em que ingressei na FAUUSP, venho ficando mais e mais burra. Já não leio. Já não desenho. Já não danço. Não penso. E se, para atender a toda essa demanda acadêmica retardada, com certeza não é por prazer. Não há prazer onde há obrigação.

Enfim, a quem vier a ler todo esse vômito virtual: espero que, não só a Universidade, mas essa Educação que temos, escola pública ou privada, não atrapalhe seus estudos. Aliás, ela já nos impõe, desde cedo, o estudo, o aprendizado como sendo uma obrigação. Simplesmente nojento.

Sem mais.